quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fonoaudiologia pode ser tratamento de rinite e asma

Pesquisa mostra que sessões de fonoaudiologia melhoram os resultados do tratamento convencional, realizado com a inalação de medicamento antiinflamatório. 

Obstrução nasal, coriza transparente, diminuição do olfato e respiração pela boca. Estes são alguns sintomas da rinite alérgica, que normalmente é desencadeada por fatores como poeira, mofo, ácaro e cigarro.
A alergia atinge entre 10 e 25% da população mundial e é considerada um “problema global de saúde pública” pela Aria, sigla em inglês para Rinite Alérgica e seu Impacto sobre a Asma, iniciativa internacional que conta com o apoio da Organização Mundial de Saúde.
Tratar a rinite significa conter o crescimento dos casos de asma, doença inflamatória que atinge os pulmões e pode até matar.
“O índice de prevalência de rinite alérgica entre os asmáticos é de 80%”, afirma a fonoaudióloga Sílvia Andrade (foto), autora da dissertação de mestrado Impacto da Terapia Miofuncional Orofacial no controle clínico e funcional da asma e da rinite alérgica em crianças e adolescentes respiradores orais, defendida no Ipsemg, sob a orientação dos professores do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Lincoln Freire e Maria Jussara Fernandes Fontes.
Sílvia Andrade percebeu que sessões de fonoaudiologia aliadas à inalação nasal do dipropionato beclometasona (antiinflamatório usado no tratamento de asma e rinite, conhecido como Clenil) melhoram os sintomas de forma significativa, ao educar o paciente a respirar de forma correta.
O tratamento consiste em exercícios respiratórios e musculares destinados a “automatizar” as funções respiratórias. “O objetivo era estimular as crianças a respirarem pelo nariz”, diz a fonoaudióloga. A importância da respiração nasal, segundo Sílvia, é que ela “purifica” o ar antes da chegada aos pulmões, por meio da umidificação, filtração e do aquecimento.
Antes da intervenção, o tratamento era realizado apenas com a administração oral do Clenil, que foi substituída pela inalação nasal. Depois de 16 sessões de terapia fonoaudiólogica, divididas em duas sessões semanais, alguns pacientes puderam até mesmo interromper o uso do medicamento.
 
A PESQUISA
A fonoaudióloga Sílvia Andrade selecionou 24 pacientes com idade entre 6 e 15 anos que apresentavam a coexistência de três patologias: asma, rinite alérgica e respiração oral, entre 169 crianças e adolescentes asmáticos do Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do Posto de Atendimento Médico (PAM) do bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte. Quem tinha algum tipo de “obstrução mecânica”, como hipertrofia das adenóides ou amígdalas, foi excluído.
A pesquisadora conta que o tratamento teve alta adesão, devido ao esforço conjunto dos pediatras pneumologistas e dos profissionais da Fono.
Para a co-orientadora do estudo, a professora Maria Jussara Fontes, o fortalecimento da interdisciplinaridade entre a Medicina e a Fonoaudiologia é fundamental, especialmente quando empregada no controle de uma doença de alta incidência, como a asma.
Maria Jussara também ressaltou a eficiência do tratamento. “É uma terapêutica não medicamentosa com impacto positivo de grande significância com apenas dois meses de duração”, destaca.

Os resultados foram comprovados por exames realizados no Ambulatório de Pneumologia Pediátrica do Hospital das Clínicas, reconhecido pela Sociedade Brasileira de Pediatria como Centro de Referência em Pneumologia Pediátrica no Brasil.
O orientador da pesquisa, professor Lincoln Freire, afirma que pretende dar continuidade ao trabalho, ampliando o número de pacientes observados durante o tratamento fonoaudiológico aliado ao convencional.
Mas ele esclarece que o estudo atual tem “significância estatística”, apesar de o grupo de crianças asmáticas observadas ser pequeno. “Os resultados sinalizam que essa pode ser uma estratégia importante para ser adotada como conduta definitiva”, prevê.

Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
Redação: Alessandra Ribeiro – Jornalista
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Renata Muniz

domingo, 26 de junho de 2011

Congresso em Belém discute novas tecnologias para Fonoaudiologia Hospitalar

         Cerca de 300 pessoas de todas as regiões do país, mais de 40 palestrantes e muitas discussões. Este foi o saldo positivo do II Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia Hospitalar que aconteceu em Belém, no Hotel Sagres, no período de 01 a 04 de dezembro, promovido pelo Sindicato dos Fonoaudiólogos do Esatado do Pará em parceria com Centro de Pós-Graduação (CPós) da Escola Superior da Amazônia (Esamaz).
         Durante o congresso foi apresentado a proposta de reabiliatação olfativa em pacientes laringectomizados totais que amplia a atuação do fonoaudiólogo em pacientes de cabeça e pescoço. Além disso, esteve na pauta do congresso o exame de videomanometria da deglutição e as tecnologias avançadas no tratamento do zumbido. “Discutimos ainda a atuação fonoaudiológica nos casos de ronco e apnéia do sono e a aplicação da eletroestimulação, uma nova tecnologia à disposição dos profissionais da fonoaudiologia”, disse o Fonoaudiólogo Fabrício Peixoto, presidente da Comissão Organizadora.
         No campo profissional, o congresso abriu espaço para debater o gerenciamento da carreira profissional e as estratégias de marketing mais adequadas para o fonoaudiólogo, no intuito de mostrar aos profissionais a maneira correta de se comportar no mercado de trabalho. “O congresso, além de discutir as questões cientificas, também se preocupou em dar direcionamento na carreira de cada um dos participantes, que precisam estar antenados acerca do marketing pessoal e profissional”, ressaltou Peixoto, que também preside o Sindicato dos Fonoaudiólogos do Estado do Pará (Sindfono/PA).
         Milton Costa, referência nacional e internacional e um dos palestrantes do evento, destacou a importância do encontro multidisciplinar para o avanço da ciência. “Eu aqui pude ver colegas de várias áreas, com informações das mais importantes que de outro modo nós não teríamos nesta profundidade. Assim eu entendo que o congresso foi um sucesso. Eu trouxe informações e levo também muitas, e acredito que é isso que faz do evento ter sua verdadeira qualidade”, completou o doutor, após ter lamentado não ter participado da primeira edição do evento.
         A paulista Taissa Giannecchini, também palestrante, enalteceu o compromisso da organização do congresso em trazer palestrantes “abertas a expor seus conhecimentos. Fico muito feliz em saber que a Região Norte está produzindo e faz ciência e de forma muito saudável e construtiva conseguiu reunir os alunos e mostrar o que é a fonoaudiologia de ponta”, ressaltou. Já para o cearense Bruno Guimarães, outro palestrante, uma das razões para o sucesso do evento foi “a programação diversificada, bem abrangente e ousada e com pessoas que fazem da fonoaudiologia uma coisa diferente do que estamos acostumados a ver”, concluiu.
         Para Rodrigo Lima, o evento serviu, sobretudo, para a troca de experiências únicas acerca da atuação do fonoaudiólogo. Além disso, o congressista destacou a temática do congresso que contemplou temas recentes e inovadores, com novas perspectivas de atuação profissional apresentadas pelos palestrantes. “Achei incrível a capacidade de o evento integrar os fonoaudiologos dos mais diversos estados do Brasil e perceber a forma profissional com que atua cada um dos fonoaudiólogos do restante do país”, disse o estudante, ansioso pela chegada da terceira edição do congresso.
         Logo após o evento, o especialista em fonoaudiologia hospitalar pela Faculdade Oswaldo Cruz (SP) e integrante da comissão cientifica do congresso, Carlos Henrique Gomes, fez rápida avaliação do evento que, segundo ele, permitiu a integração dos profissionais de diversas localidades do Brasil. “A apresentação dos trabalhos científicos foi de alto nível, o que mostra que nossa região tem potencial e grandes profissionais atuando no mercado de trabalho”, completou.
         A data da terceira edição do congresso também ficou definida: será no período de 21 a 24 de setembro de 2011, em Belém. Todo o evento será organizado por coordenadores de cursos de graduação e pós-graduação da região norte e, durante o congresso, também acontecerá o I Congresso Norte e Nordeste de Fonoaudiologia que ampliará as áreas dos temas debatidos. O estudo do choro dos bebês, a atuação fonoaudiologica em obesos, fonoaudiologia em estética da face e os recursos tecnológicos na avaliação e terapia fonoaudiológica, serão um dos assuntos que serão discutidos no próximo congresso.


Renata Muniz